sábado, abril 14, 2018

Santuário Senhor da Verônica: Um lugar para provar a sua fé e também fazer turismo

.


uem da nossa geração nunca reservou um domingo para peregrinar até os caminhos (que naquele tempo eram longos e íngremes) que levam à “Santa Verônica” para pagar uma promessa, alcançar uma graça, acender velas para os entes queridos que partiram para outra vida, deixar fotografias, enfim...

Naquela época, eu sempre ia com minha mãe às 5 horas da manhã porque tinha a esperança de me curar de uma enxaqueca que já me atormentava aos 15 anos de idade. Junto ia toda a vizinhança que neste momento em que contextualizo as lembranças gostaria de memorizar o nome de cada uma dessas pessoas devotas do Senhor da Verônica para aqui deixar registrado.

O percurso para chegar até lá era de início feito pela Estrada São José e adentrávamos na Boca da Mata passando ali por Emitério e outros que não consigo recordar, mas que eram os moradores daquela localidade.

A aventura parecia uma procissão com muitas pessoas que se dirigiam ao hoje denominado Santuário do Senhor da Verônica , muitos devotos que já retornavam da visita, cada um com sua fé. Lembro-me das árvores frondosas, da mata fechada ainda preservada, e uma paisagem calma, ás vezes saíamos com a neblina que não atrapalhava a missão para cumprir um ritual que era para ser feito duas vezes ao mês. Fiquei feliz por registrar a ainda intacta casa que servia de escola para os que naquela época faziam o catecismo (eu iniciei e nunca conclui) que fica defronte à capela, os bancos de madeira onde sentavam os alunos, a merenda que era servida de mingau de milho, os fiéis acendendo velas, deixando fotos dentro do local considerado santo, enfim, coisas que nos levam a entender como muita coisa mudou daquele tempo para cá, e óbvio, o tempo não pode parar, mas ficou o santuário para que aqueles que tem fé inabalável, continuarem a peregrinação para o local.

Fiquei um pouco cético com relação a religiosidade, mas entendo que na vida tudo precisa de um sentido, de um significado, de uma esperança, e eu estou à procura de cada pétala perdida para quem sabe reconstruir a rosa.

O Santuário do Senhor da Verônica passou por reformas estruturais no início de janeiro de 2016. A Capela e a Casa dos Milagres foram reinaugurados com uma grande festividade que marcou uma nova etapa para os devotos e fiéis que fazem da “Santa Verônica” não só um ponto de encontro para rezar, meditar, mas um lugar em que virou também um dos nossos principais pontos turísticos. A entrada do Santuário é identificada com uma estrutura de ferro e uma placa desejando boas-vindas aos visitantes e na área do entorno lápides são distribuídas retratando momentos vividos por Jesus Cristo no seu calvário.

Venha visitar.








































































Fotos: EveraldoPaixão

A HISTÓRIA DA SANTA VERÔNICA

Boca da Mata é uma extensa propriedade que pertenceu ao Cel. Antônio Modesto e a João Custódioo onde também se ergueu uma orada, sob a invocação da Santa Verônica, venerada com grande devoção e fé, pelo povo da cidade e por muitos fiéis de outros lugares, que lá acorrem, a fim de fazerem suas orações, pagarem promessas e depositarem seus votos.

A Santa Verônica é um quadro da face de Cristo, pintado a óleo, numa placa de bronze. O resto da imagem é oval, cabelos longos partidos ao meio, nariz afilado, olhos castanho-escuros, bigodes e barba rijos. Pintura de grande expressão artística emoldura-se numa caixa de madeira, com uma porta em forma de ogiva, que se abre em duas bandas, fixada na parede sobre o altar e olha para a única porta da capelinha, de 4 metros de largura por 6 de comprimento. Essa imagem tem uma história que poucos conhecem.

Em princípios do século passado, um mascate, português ou italiano, esteve na fazenda do velho João Ricardo Arraes, no Piauí, no atual município de Pio IX. Carregava a imagem, que lhe dava proteção em suas andanças pelos sertões do Brasil. Ocorre que ali adoeceu gravemente e teve a hospitalidade e os cuidados do seu hospedeiro. Ao partir, como recompensa ao seu benfeitor, presenteou-lhe com a imagem que chamava de Santa Verônica. Pediu que a imagem fosse passada para a sua descendência, obedecendo à primogenitura dos varões. Informa a tradição oral da família que esse mascate disse que no mundo só existiam duas imagens daquela e a outra estava em Roma.

Morrendo João Ricardo, a imagem passou para o seu único filho, Custódio Arraes, que passou para o seu filho mais velho, João Ricardo Arraes Neto, o João Custódio da Boca da Mata, meu bisavô paterno. O velho Custódio ao morrer já morava no lugar Várzea Nova, do Município de Assaré, no Ceará.

No começo de março de 1903, João Custódio, mudou-se definitivamente para a Boca da Mata, para ali trazendo a Santa Verônica. A imagem ficava na sala da frente, sobre uma mesa, forrada com toalha de linho branco e adornada com flores, onde era venerada pelos fiéis, muito deles vindos do Ceará.

João Custódio teve 7 filhos: Hermenegildo (meu avô), Orico, Cleomendes (Mendu), Adonias, Abelardo, Vitorina e Genésia. Hermenegildo, o mais velho, com quem, pela tradição deveria ficar a imagem, faleceu aos 36 anos de idade, em 19.11.11, deixando também 7 filhos: Joel (meu pai), Gerson, Luiz, Antônia, Maria (Sinhá), Sebastião (Bastim) e Neomísia (Neó). Todos ficaram sob a tutela do avô João Custódio.

No dia 19 de abril de 1918, falece João Custódio, depois de passar 40 dias acamado, sob os cuidados de seu filho Mendu. Antes de morrer, reuniu a família, que decidiu entregar a imagem da Verônica a tio Mendu, que, já casado desde 1913, com Senhorinha Maria da Paz, Senhora, levou a imagem para sua casa.

Na casa de tio Mendu, a Verônica foi posta sobre uma grande mesa, também forrada com uma toalha branca de linho, na segunda sala da casa, onde recebia visita dos fiéis devotos. A romaria era mais intensa as quintas-feiras. Anualmente, no mês de maio, reuniam-se as famílias da Boca da Mata e adjacências, para rezarem o terço ao redor da imagem. No segundo domingo de outubro, comemora-se o dia da Santa Verônica e o Padre vinha celebrar a missa na casa de tio Mendu.

Havia um inconveniente de a imagem permanecer ali, pois quebrava a privacidade do casal. Os devotos não tinham dia ou hora para rezarem aos pés da Santa e tio Mendu tinha por obrigação não impedir ninguém de orar. De boa vontade abria as portas da sua casa.

Havia uma preocupação do Tio Mendu, em relação ao destino da imagem, quando morresse. E cuidou de construir uma capela, para ali colocar a Santa definitivamente. No ano de 1950, a capelinha foi benzida e a imagem posta em seu lugar definitivo.

Em 1951, morre tio Mendu e é sepultado dentro da capelinha. Pouco tempo depois, ao seu lado, é sepultada tia Senhora.

Ao lado da capelinha, Louzinho fez construir um cemitério, onde são sepultados membros da família e pessoas outras ligadas à Boca da Mata. Por trás da capela, foi construído um quarto para o depósito dos ex-votos, esculturas em barro, madeira, pedra, cera, retratos e cartas daqueles que receberam alguma graça por intercessão da Santa Verônica.

A imagem já deixou de ser propriedade da família. É do domínio público.

(DO LIVRO: ARARIPINA HISTÓRIA FATOS & REMINISCÊNCIAS)




Estrada São José (Início do Percurso para o Santuário do Senhor da Verônica a partir da Avenida Perimetral)






Vista Área do percurso que pode ser feito para chegar ao Santuário do Senhor da Verônica - Google Maps


Vista Área do Santuário do Senhor da Verônica - Google Maps


Vista Área do Santuário do Senhor da Verônica - Google Maps

Continuamos com a Campanha para incluir A História do Município no Currículo Escolar.

Postar um comentário

Blog do Paixão

Whatsapp Button works on Mobile Device only

Start typing and press Enter to search